quinta-feira, 7 de março de 2013

Só damos valor quando perdemos

Aquela história do “só damos valor quando perdemos”, nunca me pareceu tão certa como agora.

Durante muito tempo adiei muitas coisas que queria fazer porque sempre achei que tinha tempo, todo o tempo do mundo pela frente, desperdiçando minutos e horas preciosas a obedecer cegamente à minha própria preguiça, deixando-a apoderar-se de mim e da minha pouca vontade de levantar o rabo do sofá e despregar os olhos da televisão.

Passavam os dias, passavam as horas, e adiava os sonhos, adiava a busca pelas peças do puzzle que me poderiam tornar uma pessoa mais completa e feliz. Sempre com a mesma desculpa, sempre com o “amanhã logo faço, logo vou, logo procuro”.

Ironia do destino, quando os dias me trocaram as voltas e as horas da minha rotina deram uma cambalhota.

Agora, faço das tardes manhã, e das noites tarde. O tempo deixou de ter o mesmo tamanho que tinha e  os dias tornaram-se tão mais pequenos para a minha busca pelos pedaços de mim que ainda não encontrei... Embora contraditório, o meu dia passou a ter mais horas, mas essas são horas que se arrastam, que não terminam, que me acorrentam e não me deixam seguir a demanda à qual me tinha proposto, mas que sempre adiara.

Em cada dia, encontro cada vez mais desencontros: com pessoas, com acontecimentos, com pequenos momentos que antes me faziam feliz. Neste momento, resta-me ter paciência, e fazer para que outra cambalhota surja.

Para aqueles que podem, que aproveitem, que transformem os momentos de preguiça no motor de uma  nova meta a ser atingida, que esculpam novos caminhos e encham cada segundo com pessoas, com bons filmes, boa música, boas gargalhadas e boas histórias.

Um dia, espero que não muito distante, voltarei a soltar as correntes e aproveitarei cada minuto. Mas aí, quando esse dia chegar, estarei noutro degrau das escadas, pois a lição já estará aprendida e a preguiça não terá espaço para servir outra vez de desculpa.

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