Lembro-me de existir desde sempre uma boneca destas em casa da minha avó paterna, que um primo lhe trouxe da Rússia, e de estar sempre a tentar abri-la, mas as minhas mãos serem pouco dotadas de tamanho e força para tal. Pegava, a custo, na boneca maior, e rodava-a de um lado para o outro sem parar, fazendo com que a madeira raspasse furiosamente uma na outra (fazia um barulho estridente que até me “arrepiava” os dentes), numa tentativa vã de conseguir tirar para fora as restantes bonecas. Geralmente era sempre o meu avô ou a minha avó que abriam a primeira boneca, deixando-me abrir sozinha as restantes. Alinhava-as todas, da maior para a mais pequena, e passava horas a colocá-las ou tirá-las dentro umas das outras.
Sempre que ia a casa dos meus avós, lá ia eu mexer nas bonecas, até que um dia, já devia ter uns 20 anos, a minha avó disse que, já que eu gostava tanto delas, eram minhas. Felicidade total!
E desde então, andam comigo para todo o lado, pois acredito que uma casa apenas se torna o nosso lar quando lá temos as pequenas coisas que nos fazem felizes e que significam tanto para nós.
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