sexta-feira, 14 de junho de 2013

...é um bocadinho dos dois

"Sinto que o destino também é um relacionamento - um jogo entre a graça divina e a preseverança pessoal. Metade escapa ao nosso controlo, a outra metade está inteiramente nas nossas mãos e as nossas acções mostrarão resultados em consonância. O homem não é inteiramente uma marioneta na mão dos deuses, nem é inteiramente o comandante do seu próprio destino; é um bocadinho dos dois. Galopamos ao longo da vida como artistas de circo equilibrados em dois cavalos lado a lado - um pé sobre o cavalo chamado destino, o outro sobre o cavalo chamado livre arbítrio. E aquilo que temos de equacionar todos os dias é qual dos cavalos está em causa, com qual deles posso deixar de me preocupar porque não está sob o meu controlo e qual precisa que eu o guie com esforço e concentração.
Há tanta coisa no meu destino que eu não posso controlar, mas há outras que estão sob a minha alçada. Posso comprar determinados bilhetes de lotaria, aumentando assim as minhas probabilidades de encontrar contentamento. Posso decidir como passo o meu tempo, com quem interajo, com quem partilho o meu corpo, vida, dinheiro e energia. Posso seleccionar aquilo que como, leio e estudo. Posso escolher a forma como vou reagir às circunstâncias menos felizes da minha vida - se vou vê-las como maldições ou como oportunidades (e nas ocasiões em que não consigo adoptar o ponto de vista mais optimista, porque sinto demasiada pena de mim mesma, posso optar por tentar mudar a minha aparência). Posso escolher as minhas palavras e o tom da voz em que falo com os outros. E, acima de tudo, posso escolher os meus pensamentos."

(Elizabeth Gilbert, in Comer, Orar, Amar)

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