Ser amigo é estar lá

Ontem, uma amiga com quem já não falava há algum tempo, disse-me: “Tu que nunca estás comigo consegues perceber nas entrelinhas que não estou bem, pena são os que estão comigo todos os dias não perceberem isso”. Deu-me que pensar.

Será que é assim tão fácil não perceber que alguém que está perto de nós não está bem? Será justificação suficiente o facto de muitas vezes estarmos tão emaranhados nos problemas do nosso dia-a-dia, nas mil e uma coisa que temos para fazer, que nem percebemos que alguém, que está mesmo ao nosso lado, está numa fase menos boa? Muitas pessoas vivem centradas no “eu”, “eu”, “eu”, e esquecem-se de olhar para o “outro”, para aquela pessoa que por acaso, mas só por mero acaso, está sempre lá quando é necessário (e até quando não é, mas está).

Não acho justo nem justificável que alguém, que nos dias bons está rodeado de “amigos”, esteja só nos momentos maus, quando mais precisa de um ombro amigo, de alguém que simplesmente oiça os seus desabafos. Neste caso em concreto, até eu me senti egoísta, pois se já tinha percebido que esta pessoa não estava bem, porque é que não me cheguei à frente? Porque é que não liguei ou disse simplesmente que já tinha percebido, que estava aqui? Então o ser amigo não é isso mesmo? Não é o estar lá antes de ser chamado? Não é mostrar que as entrelinhas são facilmente decifráveis?

Às vezes não é fácil chegar a todos, nem estar em todo o lado ao mesmo tempo, mas a amizade também é ter espírito de sacrifício, principalmente quando essas pessoas fazem o mesmo por nós. Só assim se constroem relações, se fortificam laços… E este “estar lá” que falo não significa necessariamente que tenha de existir uma presença física. Hoje em dia existem mil e uma maneiras de estarmos ao lado de alguém mesmo a quilómetros de distância, basta querermos, basta estarmos atentos…

Felizmente, sei o que é sentir o conforto de estar sempre acompanhada pelos meus amigos, pelos verdadeiros, por aqueles que mesmo longe estão sempre comigo, que nunca me largam a mão, que me puxam a gargalhada mesmo quando não tenho vontade, que me dizem na hora certa o que preciso de ouvir…E os que não estão? Esses talvez não sejam amigos, talvez sejam outra coisa qualquer que não consigo nomear. Também não podemos ser amigos de toda a gente, não é? Isso é coisa que se sente, que cresce espontaneamente, não algo que seja imposto…



Amiga, só quero que saibas que não estás sozinha, que não vais cair porque agora a minha mão está a segurar a tua…Vais ver que essa fase má passa num instante e que quando menos esperares vais encontrar o tal equilíbrio que tanto procuras. Não pode chover todos os dias não é? Qualquer dia o sol vai brilhar, assim como o teu sorriso!